segunda-feira, 1 de julho de 2013

Movimento Rumo à Nova Realidade


JOHN LOCKE (1632-1704), Filósofo inglês, disse que a natureza humana é maleável. Isto significa que o ser humano não é um ser com características imutáveis. Pelo contrário, ele é um ser que pode ser reformado, pode ser “moldado” de acordo com as necessidades que a humanidade e a natureza têm em cada época.

Esta ideia vai de encontro a outra que diz que o ser humano tem uma natureza imutável fundamentada em determinadas características que explicariam o porquê dele ser desse ou de outro modo. Ou mesmo para justificar determinados comportamentos, defendida por pessoas que pregam essa ideia (natureza humana imutável).

Exemplo para tornar mais claro: um obscuro economista escocês, GREGORY CLARK (1957- ), publicou um livro recente chamado “Um adeus às esmolas – uma breve história econômica do mundo” em que defende que há um gene que determina a competência de um povo, de um indivíduo, para o sucesso financeiro na sociedade capitalista. A natureza dos indivíduos que possuem esse traço genético explicaria, do ponto de vista dos fundacionistas, a riqueza e a pobreza. Muito simples e sem complicações, agora se tem os motivos para tanta riqueza e tanta miséria. É muita cara de pau.

Se alguém defende tal ideia estabelece uma “verdade” que estaria fora das possibilidades humanas modificá-la. É como se dissesse que o ser humano é assim mesmo e não há como modificá-lo, reformulá-lo, “moldá-lo”. Estas “verdades” preestabelecidas essencialmente retiram do âmbito da humanidade o poder de reeducação para uma vida social justa, solidária, fraterna.

RICHARD RORTY (1931-2007), Filósofo estadunidense, disse que se perde muito tempo discutindo as questões humanas partindo-se de tais “verdades”, e ganharíamos tempo e faríamos melhor aquilo que KARL MARX (1818-1883), Filósofo alemão, disse sobre o potencial da Filosofia: “a Filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo”. RORTY não era marxista, mas entendia que deveríamos agir buscando mudar o mundo tendo como meta aquilo que é útil e prático ao ser humano como humano. Dizendo do meu jeito, como um ser que vive e pode modificar a sua vida para melhor se assim desejar, claro.

Como se daria essa mudança? Ele propõe uma “revolução semântica”. Para conseguir, o comportamento linguístico deve ser alterado em favor de uma semântica que coloque de lado toda semântica perversa, perseguidora, discriminante, aterrorizadora, cruel (GHIRALDELLI, 2003).

Mas preciso esclarecer algo importante. Não basta deixarmos de lado nosso “vocabulário” acostumado com as coisas ruins e trocá-lo por um novo e melhor para mudarmos o mundo. É preciso mais. É preciso ter “mentes atentas” e desejosas de mudanças para acompanhar o movimento rumo à nova realidade.




Jair Feitosa

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