A maioria dos professores da educação básica do Piauí não tem o hábito de ler livros. A leitura é desprezada pelos educadores nas centenas de escolas municipais e estaduais espalhadas pelo Estado. A informação é baseada nas respostas dadas aos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Em várias cidades o percentual de professores que não costumam ler livros ultrapassa os 80%. Em São Raimundo Nonato, a 530 km de Teresina, 81% dos professores respondeu a opção “nunca ou quase nunca” quando perguntados se liam livros nos tempos livres. Outros 19% afirmaram ler apenas eventualmente.
No município de Jaicós, a 352 km da capital, o percentual dos que responderam ‘nunca ou quase nunca’ foi de 93%, enquanto em Lagoa do Barro do Piauí a marca atingiu 100% dos professores entrevistados. Até mesmo na capital Teresina o dado surpreende. Dos 727 entrevistados, 547 disseram ler livros ‘nunca ou quase nunca’, o que corresponde a 75% do total.
A falta de leitura nem sempre é por falta de livros. Em boa parte das cidades existe biblioteca e mesmo assim o número de professores não leitores é elevado. Dom Inocêncio, a 615 km de Teresina, no sudeste piauiense, possui uma biblioteca no centro da cidade com um acervo de aproximadamente 2 mil livros e, mesmo assim, 78% dos educadores entrevistados no município respondeu a opção ‘nunca ou quase nunca’.
Na amostragem um dado chama atenção. Os professores não gostam de livros, mas em contrapartida curtem sites da internet. Em Jaicós, 66% afirmaram ler “sempre ou quase sempre”. Em São Raimundo Nonato 50% respondeu o mesmo. Na cidade de Lagoa do Barro, onde 100% não leem livros nunca ou quase nunca, 75% disse que lê na internet sempre ou quase sempre. Em Teresina os professores internautas chegam a 65% na amostragem.
Para Ana Maria Almeida, gerente de formação e aperfeiçoamento dos profissionais da educação básica da Secretaria da Educação e Cultura do Piauí (Seduc), os índices são extremamente preocupantes. Segundo ela, quem aperfeiçoa o conhecimento do professor é a leitura permanente. “Mesmo que leia na internet, ele não pode deixar de ler o livro”, ressalta Ana Maria.
De acordo com ela, as escolas deveriam incentivar o hábito de ler nos horários pedagógicos, fazendo rodadas de leitura como incentivo. “Na perspectiva da formação do professor a ausência da leitura seria quase uma mutilação, porque a leitura é, sem dúvida, o alicerce para o exercício da sua profissão”, cita a gestora.
Ana Maria Almeida explica que a leitura praticada na internet é geralmente superficial e, portanto, não substitui a necessidade de se ler livros. “Um professor de ciências, por exemplo, formado há 10 anos, sem o hábito da leitura não terá domínio satisfatório do conteúdo”, conclui Ana Maria.
Com informações do Liberdade News
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