Enfim, o Governo jogou
a toalha: substituiu o ensino público sem qualidade por cotas da embromação
para negros, índios e egressos da escola pública. Certificado da tapeação em
troca de diploma superior. Espécie de carteira de habilitação para barbeiros do
volante. Jovens privilegiados com essas cotas devem se envergonhar, não com a
cor da pele ou raça, mas com o diploma fajuto e barato. O país entrou na moda
da mediocridade como critério de avaliação. Qualquer vulgaridade caracteriza
talento e código de conduta. Basta se editar uma gramática defendendo besteirol
vira tese de mestrado.
Joaquim Barbosa, negro porreta, sem
cotas, privilegiado pelo talento e meritocracia, temido pelos tubarões da
corrupção. Ministro do Supremo Tribunal Federal, ousado e corajoso, capaz de
enfiar o dedo nas narinas do colegiado e do padrinho, Lula, que o indicou ao
cargo. Ministro do Supremo Tribunal Federal, logo mais, o preto caiu nas
paixões dos brasileiros, não pela cor, mas pelo talento, dignidade e coragem,
raridades na administração pública.
O Brasil padece de enorme falta de vergonha de seus
representantes. Joaquim Barbosa insere-se na casta dos bons vinhos da dignidade
nacional. Interiorano, filho de pedreiro e mãe doméstica, sete irmãos.
Separados os pais, assumiu, sozinho, aos 16 anos, as rédeas de casa, em
Brasília, como funcionário de Gráfica Brasiliense. Sempre estudou em escola
pública, bacharelou-se em Direito e mestrado em Direito do Estado. Oficial de
chancelaria, trabalhou em embaixadas brasileiras em vários países. Procurador
da República por concurso, participou de cursos na área do Direito Público em
vários países, professor universitário concursado, fluente em inglês, francês,
alemão e espanhol, toca violino desde a adolescência. Se vivesse a era das
cotas da embromação, o jovem Joaquim Barbosa certamente não experimentaria o
esforço e desenvolvimento do talento. Não só Joaquim Barbosa, mas inúmeros
brasileiros mulatos. Machado de Assis, tempo de escravidão, paupérrimo, origem
em favela, gago, epiléptico, nunca entrou numa sala de aula, porém recebeu
aulas do vigário e se dedicou à leitura, trabalhando na gráfica, escritor de
primeira grandeza na literatura universal. Precisasse de cotas da embromação,
cochilaria no diploma da mediocridade. Castro Alves, mulato, maior poeta
brasileiro, sem cotas, morto aos 24 anos. Lima Barreto, interiorano pobre,
estudou engenharia, sem cotas, romancista brilhante, resvalou para o
alcoolismo, vítima de tratamento racista. Poeta Cruz e Sousa, mulato, fundou o
simbolismo brasileiro. Sua cota foi a persistência, apesar da forte reação
racista de familiares.
Jornalista Zózimo Tavares questionou, em sua coluna:
"Por que Será? Ministro Joaquim, futuro presidente do Supremo, ganhou
destaque em todo o país como relator do mensalão. As pessoas o saúdam nas ruas.
Ao votar, os eleitores na fila queriam tirar fotos ao seu lado. Nas redes
sociais, ele é referência do bem e da justiça. Tamanha é sua popularidade que
teve que desmentir uma eventual candidatura a presidente. Apesar de toda esse
reconhecimento nacional, estranhamente as entidades sociais vinculadas à
temática negra o ignoram solenemente. Até parece que ele não é negro. Nem é um
exemplo eloquente para um país que luta para vencer seus preconceitos." O
nome do ministro já percorre o mundo. Uma fábrica espanhola de máscaras
carnavalescas já o escolheu para alegria momina.
Entidades vinculadas à causa negra e
indígena não relevam o talento e exemplo de Joaquim Barbosa por vários motivos:
o ministro não gera votos nem grana para ONGs e políticos que defendem a
malandragem de adolescentes criminosos. Quem sabe, a solução para essa turma do
bem-bom seja, um dia, um negro arretado na presidência do Brasil, em vez de um
sindicalista descamisado de cultura.
Não
precisa de tanta discussão sobre cotas, cor ou raça. Discutam como emprenhar
uma educação pública de vergonha no modelo de vida de Joaquim Barbosa.
Autor: Jose Maria Vasconcelos
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