“Nada é mais temido por um covarde do que a liberdade de pensamento” (LUIZ FELIPE PONDÉ). A postura que assumo para compreender essa frase é baseada no principio que diz que o exercício da liberdade é uma forma de superação do homem por ele mesmo. Que quero dizer com isso? Sendo livre o homem pode agir de tal modo que agindo vai construindo a si mesmo e deixando um rastro de experiência para outros homens, como diz SARTRE.
Penso nesse homem como alguém que sendo livre vai conhecendo suas potencialidades e superando seus limites cada vez que experimenta uma escolha livre. Vai se tornando melhor a cada experiência, pois é capaz de experimentar, escolher e agir de forma que agindo livre e qualitativamente melhor vai se tornando, como homem, um ser melhor.
Um homem livre, portanto, é um homem corajoso. Ele não padece do sofrimento do covarde que além de ser medíocre é limitado e por isso sofre quando se depara com um homem livre. O covarde inveja a coragem e a liberdade do homem livre porque elas impulsionam o homem livre rumo a sua auto superação. E o covarde se mantém preso à sua imutável incapacidade de agir melhor. Ele sempre age do mesmo jeito, não inova, não faz diferente dele mesmo. O que ele faz o identifica, é a sua identidade. A mediocridade é a identidade do homem covarde.
Tendo o homem covarde assumido por acaso algum tipo de poder sobre outros homens então ele faz de tudo para manter próximos de si apenas os covardes iguais a ele ou os que se acovardam para se aproveitarem de sua própria submissão. Da submissão ao covarde que, neste caso por acaso, exerce algum tipo de poder.
Agindo sempre desse modo, o covarde faz, inicialmente, uma caça às bruxas. Ele procura identificar os homens livres para expulsá-los do seu grupo de poder. Os homens livres lhes são uma ameaça. No entanto, nem todos se vão. Há aqueles que, de alguma forma são inteligentes, negam a sua liberdade para se tornarem submissos e, fazendo isto, abrem mão de se tornarem melhores, tornam-se também covardes.
Neste caso, entendo que a covardia é revelada quando o inteligente abriu mão de ir além do que ele é para se tornar um igual ao covarde. Se tornou um homem medíocre para não se tornar um homem livre. E isto para não desagradar ao covarde que exerce algum tipo de poder.
A liberdade de pensamento pode se tornar um exemplo perigoso a ser seguido por aqueles que não se perceberam ainda potenciais homens livres. Através de exemplos abrem-se as possibilidades de outras experiências. O homem covarde, portanto, medíocre, como eu disse antes, age sempre do mesmo jeito. Ou porque não conhece outras experiências, oportunidades, ou porque prefere o comodismo da mediocridade mesmo.
Estando diante de outras possibilidades construídas e mostradas pelo homem livre o medíocre percebendo-as pode se tornar livre também se a partir de tais experiências buscar construir a sua vida e a sua liberdade também. E aí SARTRE diria, “somos livres com os outros”, porque a nossa liberdade liberta também os outros.
Nesse sentido é que o covarde tem medo e tenta anular todos os homens livres. Seja através de violência simbólica ou física. O que o covarde não suporta é pensar em perder o pouco de poder que exerce por acaso, e não por competência, e perder também a influência e a oportunidade propositada de oprimir os inteligentes medíocres.
Então, ele tenta amedrontar os homens livres para que estes se afastem de sua querida mediocridade e não a revelem com a inteligência que os homens livres são portadores. O covarde medíocre quer o homem livre longe para que ele, covarde, não seja desnudo de sua incompetência e de sua mediocridade. O covarde é incompetente e medíocre, gosta disso, sabe disso, mas como a maior parte da sociedade despreza essas “qualidades” dos covardes, então, ele fará de tudo para que não sejam expostas.
Pelo contrário, o covarde fará de tudo para que a mediocridade e a incompetência sejam transformadas, pela via da mentira renitente, propagandeada cem vezes, em qualidades que ele sabe não possuir, mas que deverá ser a sua imagem que aparecerá para aqueles que desconhecem a verdadeira face do covarde.
Nesse caso, ele mesmo mente e também paga caro para que mintam a seu respeito e com isso tenta “construir” uma imagem falsa, mas adequada para que parte da sociedade possa lhe aceitar melhor no posto de poder que assumiu por acaso. Pois em circunstâncias outras não teria, como é próprio dos medíocres, competência para assumir.
E a saga do covarde medíocre vai seguindo em frente tentando amedrontar mais e mais pessoas livres através das mais variadas formas de constrangimento e alegações imbecilizadas e imbecilizantes, como é próprio dos covardes medíocres. E sempre amparado, ensejado e oralizado pelos mais incompetentes mediadores da mediocridade, uns que são por formação e deformação medíocres e outros que abriram mão de ir além de si mesmos em busca de serem “versões melhores de si mesmos”.
Mas cada medíocre sabe o quanto sofre por ser medíocre. E seu maior castigo, além do que a lei pode sugerir, é conviver com a consciência que ele é um ser menor, inferior ao homem livre. Isto só ele sente lá no seu íntimo e não confessa a ninguém, pois lhe dói muito. Podendo chegar até o limite de negar para si mesmo, assim como faz com todo o resto. Mas ele é covarde e medíocre. E isto lhe dói. Oh! Como dói. E ele sabe bem disso. Não é, covarde?
Jair Feitosa
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